Celebrar a vida e cumprir o destino!

Quero falar de vida, mas 2009 têm me levado a pensar/refletir/organizar o pensamento sobre a morte. E sobre a tristeza, a ausência, a possibilidade da perda e sobretudo a necessidade e imposição de se falar no passado.

No dia 3 de maio perdi minha mãe, D. Graça, vítima de uma parada cardíaca. Seu enterro, dia 4, foi marcado por uma dor insuportável, que por muitas vezes tentei ajudar amigos na mesma situação, com palavras de conforto e nesse dia pude perceber que são palavras, naquele momento, ao vento. A dor é tão grande que só mesmo vivenciando-a é que se pode medir sua dimensão.

No dia 4 de setembro perdi outra pessoa muito querida, minha Tia Angela, de Volta Redonda, vítima também de parada cardíaca, depois de se recuperar parcialmente de um derrame e já com liberação médica para voltar para sua casa. Meu pai, após exatos 4 meses da perda da mulher que ele viveu por 37 anos, teve que enterrar sua irmã, a mais parecida com a sua mãe D. Nair, a Senhora Simpatia.

Mas o Ciclo da Vida é interessante. Todos passamos por ele. Nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos. Alguns não envelhecem, não crescem, mas todos nascemos e morremos. É fato e não tem como escapar disso. Somos seres vítimas do Ciclo da Vida.

Um dia antes, 3 de setembro, nasce meu novo sobrinho, Luiz Guilherme. Nem tive tempo de vê-lo no hospital, precisei ir às pressas para Volta Redonda com o meu pai. Nasceu bem, esperto, está dando muito trabalho, já deve ter crescido alguma coisa, e cercado por grande carinho dos pais, irmãos, do avô, da outra avó e do tio, mais ausente, mas acompanhando de longe, quase perto.

Sempre coloco nas redes que participo – orkut, twitter, site, blog, facebook, msn – que estou “celebrando a vida” e já teve gente me questionando por que isso? Porque celebrar a vida com tanta gente querida indo embora. Em dois anos, duas tias (Angela e Neusa), minha mãe e tantas outras pessoas queridas que se foram. Como celebrar?

Mesmo sendo difícil falar de minha mãe no passado “minha mãe gostava, ela queria, podia, fazia, tentava, buscava, minha mãe era, e assim por diante”, preciso lembrar e celebrar todos os momentos que passamos juntos. Preciso e é bom tê-la viva na memória e no coração. A dor da perda não se tornará sentimento de saudade se eu não buscar na memória e no passado o que foi e o que viveu minha mãe. Hoje, celebrar a vida dela, é poder estar ao lado de meu pai, ser solidário com os seus sentimentos. Estar próximo de minha irmã, cunhado e meus 3 sobrinhos – Luiz Gustavo, Jéssica e Luiz Guilherme.

Celebrar o nascimento de um novo membro da família, cada momento que passarmos juntos, cada ligação recebida, cada palavra dita. Celebrar o passado e a memória. Celebrar o que está por vir.

O destino se faz presente no caminhar da vida. E celebrar o ciclo que ela faz é possibilitar que o destino se cumpra.

O Ciclo da Vida – Música tema do filme O Rei Leão interpretado pelo brilhante Ricky Vallen