Não é de hoje que quero voltar a escrever no meu blog, mas falta inspiração. É ela que proporciona a satisfação e nos leva a belas histórias, textos, contos, memórias.
As memórias! São muitas, abundantes, preciosas e pertinho do coração.
Às vezes, a adrenalina da alegria e a felicidade da hora me impedem de externar em retas linhas o momento vivido. Depois o tempo vai passando, o coração abrandando e o acontecido vai virando memórias. Tenho lembranças de um tempo bom, que não volta mais. Lembranças de amigos que se foram, dos que ainda estão e já não são, dos que eram e voltaram a ser. Lembranças de grandes eventos na minha vida e de pequenos momentos também.
Bate no peito o sentimento de vida passada, celebrada. De tempo vivido e de tempo perdido. Muitas coisas se perderam, não foram feitas, Tempo, tempo, tempo… E já não há mais tempo.
As carícias! Lembro-me de carícias. De pai, de mãe. De uma avó simpatia. De amores.
Que lindos são os sentimentos despertados por um gesto de afago, de simples passar de mãos, de aconchegar-se nos ombros, olhar intermitente e meigo. Carícias de quem quer comunicar, inserir-se na lógica da vida em comum, da vida companheira, presente.
“Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu…” E é assim que sinto quando, nos relances inglórios da vida, perco aquela linha reta e “eis que chega a roda-viva e carrega o destino pra lá.” Assim como na letra da belíssima canção de Chico Buarque, Roda Viva, sinto que “o tempo rodou num instante nas voltas do meu coração.”
Será que o que construímos, plantamos e cativamos se perdem totalmente nas voltas, e não volta mais? Será que o que deixamos de cumprir, contra a corrente não vai navegar?
Tenho em minhas memórias a consciência do que não deu, passou, ficou para trás. Lembranças do que poderia ter feito e não fiz.
Porém, e tão grande quanto o que não fiz, são as memórias das conquistas, vitórias, alegrias, sonhos realizados. São poucos, mas são meus.
Então:
“Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração”
Roda Viva – Chico Buarque
PS.: Sim, estou triste, por isso escrevo. É a inspiração!